sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Hoje é dia de festa - Santa Luzía (Receitas de CÁ e de lá #1)

E bem cedo, por perto das 7h da manhã, começa a festa. Os foguetes já anunciam mesmo aqui ao lado do meu quarto. É dia de festa na minha terra, é dia de Santa Luzia.

Neste dia dezenas de pessoas rumam a esta pequena capelinha para visitar Sta Luzia, devota da vista e para comer o famoso pito (um doce muito popular) de Sta Luzia.


Pitos de Sta Luzia
Reza a lenda que,

uma moçoila da aldeia de Vila Nova, em Vila Real, que inventou os tão famosos pitos, quando foi servir para o Convento de Santa Clara, onde tomaria o hábito depois dum noviciado entre a cozinha e o apoio aos pobres e aos doentes a que a ordem, na sua misericórdia e caridade infinitas, dava guarida de hospital.

Maria Ermelinda Correia, depois Irmã Imaculada de Jesus, era deveras gulosa. Foi este defeito que levou a família a pedir a graça da clausura na esperança de lho transformar em virtude.

(...) No intervalo dum silêncio de «regra» conventual falava de doces, a resposta era sempre a mesma: «nem vê-los».


Um certo dia estava a irmã a aplicar os curativos nos seus doentes (feridas, contusões e inchaços nos olhos), com uns pachos de linhaça, que eram uns quadrados de pano cru onde se colocava a papa, dobrando as pontas para o centro para não verter a poção - usados como pensos para os ferimentos, quando de repente teve uma visão!

Correu para a cozinha e fez a massa de farinha e água e cortou-a em pequenos quadrados. Tinha consigo o cibo do açúcar que lhe cabia na ração, e fez uma compota de abóbora. À imagem dos pachos dobrou a massa por cima da compota e levou ao forno a cozer. A seguir despachou-se a esconde-los, pois estava proibida de ser gulosa. A caminho cruzou-se com a madre superiora que era cega. A madre perguntou desconfiada, o que leva no tabuleiro. Cheirando o perfume adocicado, a Irmã Imaculada apressa-se a responder que são pachos de linhaça para os doentes do dia seguinte.
À noite na cela, a irmã Imaculada sossegou a alma e não sequer se sentia culpada, pois sempre ouviu dizer que "do que não se vê, não se peca"

Na sua inocência, começando a percorrer os caminhos da Fé e da Doutrina para o noviciado tornou-se devota acérrima de Santa Luzia, orago dos cegos e padroeira das coisas da vista.



Foi assim que os pitos de Santa Luzia lhe foram consagrados, e como tal testemunha a festa que ainda hoje, a 13 de Dezembro, na capela (mandada construir por Irmã Imaculada de Jesus) de Vila Nova, mantém a tradição.

Neste dia de Santa Luzia, em Vila Real, manda a tradição que as raparigas da cidade ofereçam o pito aos rapazes seus eleitos, para que no dia 3 de Fevereiro, dedicado, na liturgia, a São Brás, os rapazes, retribuam a oferta com a gancha.

Aqui fica a receita dos Pitos de Sta. Luzia:

 Receitas de CÁ e de #1 

Ingredientes:


Para a massa

300 g de farinha
75 g de manteiga
50 g de açúcar branco
1 pitada de sal
leite q.d.

Para o recheio

2 kg de abóbora
2 ovos
farinha q.b.
açúcar q.b.
canela q.b

(Em vez deste recheio, há quem utilize compota de abóbora).

Preparação:

Para a massa
  1. Prepare a massa misturando a farinha, com a manteiga derretida, o açúcar, o sal e um pouco de leite até obter uma massa homogénea.
  2. Deixe Repousar durante 30 minutos.
  3. Com o rolo da massa, amasse a massa a te cerca de 5 mm de espessura e corte quadrados de cerca 10 x 10 cm.
Para o recheio
  1. Descasque a abóbora, lave bem e leve a cozer muito bem.
  2. Depois de cozida deixa arrefecer e quando estiver fria elimine a maior quantidade de água que conseguir (para ser mais fácil eu coloco a massa dentro de um saco de pano e deixo a escorrer , no dia seguinte, espremo bem e fica sequinha).
  3. Num recipiente juntar à abóbora dois ovos inteiros e a farinha, o açúcar e a canela a gosto, e amassar bem para juntar os ingredientes todos, ate formar uma pasta mais ou menos consistente (se estiver muito consistente, pode adicionar leite ou outro ovo).
Para o pito
  1. Em cada quadradinho de massa anteriormente cortada coloca-se uma colher de sopa de pasta de abóbora.
  2. Unem-se as quatro pontas da massa em forma de trouxa.
  3. Leva-se ao forno pré-aquecido a cozer a 180 até durante 15 minutos  (Não tosta, nem ganha cor).
Espero que gostem deste doce tradicional da minha terra e quem quiser é sempre bem vindo para presenciar a tradição que se realiza todos os anos no dia 13 de Dezembro.


Até breve...



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